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O projeto Ignis Capsule, da equipa de jovens empreendedores Extinctus Enterprise, foi o vencedor do Concurso deIdeias Inovadoras para a Prevenção de Incêndios e Revitalização Socioeconómica das áreas afetadas, promovido pela Portugal Inovação Social no âmbito da Aldeia da Inovação Social. O projeto propõe que sejam enterradas cápsulas com sensores de temperatura e transmissor de rádio que respondam ao aumento anormal de temperatura com o envio de um sinal sonoro para os bombeiros.

Diogo Vale, Maria Pereira, Margarida Machado e Taís França, que têm entre 15 e 17 anos e residem em Braga, são os autores do projeto, aclamado unanimemente como a melhor proposta apresentada a concurso.

A equipa apresentou publicamente o projeto no dia 5 de julho na Cerdeira (Lousã), segundo dia da Aldeia da Inovação Social, juntamente com as restantes 4 equipas finalistas do concurso, que tiveram a oportunidade de participar no Bootcamp em Empreendedorismo Social do IES – Social Business School, que os ajudou a estruturar as ideias e a preparar a apresentação do projeto a potenciais investidores.

O júri do concurso foi composto por Filipe Almeida, Presidente da Portugal Inovação Social, Luís Jerónimo, em representação da Fundação Calouste Gulbenkian, Pedro Ricardo Gomes, em representação do Montepio, e Luísa Ferreira, em representação do Instituto do Banco Europeu de Investimento.

Além do Extinctus Enterprise, estiveram ainda na Lousã os projetos finalistas Floresta Ativa, Os caminhos das Fragas, Anexo Agrícola e Slower. Veja em baixo um resumo de cada um dos projetos finalistas:

Ignis Capsule/Extinctus Enterprise (Vencedor)
Cápsula que será enterrada e é composta por um rádio e um sensor de temperatura. A cada 6 horas, o rádio (abastecido por uma bateria de lítio) enviará um sinal de vida a um sistema ligado ao departamento de bombeiros. Em caso de incêndio, o sensor detetará um aumento de temperatura e o rádio, automaticamente, enviará essa informação para o sistema, ativando a ação dos bombeiros.

Floresta Ativa
O abandono do território e a gestão negligente das propriedades são dois fatores que potenciam o risco de incêndios. A sua mitigação pressupõe uma intervenção do Estado a nível nacional ou uma alteração do paradigma de exploração agroflorestal dos terrenos privados. Como, aparentemente, nenhuma das alternativas tem tido uma aplicação correta ou um impacto relevante, a proposta deste projeto passa por criar uma cooperativa de gestão agroflorestal sustentável, que alia um modelo de rentabilização de terrenos privados a princípios sociais e ambientais. Representa um valor acrescentado para o proprietário (rentabilização económica do terreno), para a comunidade (dinamização das zonas rurais, exploração e investimento em recursos locais e partilha de conhecimento) e para a sociedade (prevenção de incêndios florestais, investimento em serviços de ecossistema e educação ambiental).

FireFly (não participou no Bootcamp)
Utiliza a Inteligência Artificial para analisar imagens de satélite e, assim, estimar o risco de incêndios no território português. Esta estimativa permite executar uma estratégia de prevenção de incêndios mais adequada.

Os caminhos das Fragas
Projeto que tem como objetivo mobilizar os habitantes do Freixo da Serra e aldeias limítrofes (concelho de Gouveia), em torno de um equipamento de iniciativa comunitária, o Museu Etnográfico/Casa do Forno Comunitário de Freixo da Serra (construído em 1985). Este museu fará a ligação dos habitantes e as suas memórias ao turismo nacional e internacional, relacionando os objetos do Museu a pontos de interesse do território, que podem ser incluídos em roteiros de percursos pedestres. O incremento do turismo e a maior circulação de pessoas no território servirão de monitorização informal a potenciais riscos de incêndio e contribuirão para um maior cuidado com a limpeza de terrenos, evitando o seu abandono.

Anexo Agrícola
O grande fogo de Outubro consumiu várias habitações e indústrias inteiras, mas também, e maioritariamente, consumiu o sustento de grande parte dos agricultores dos municípios afetados. A maioria dos agricultores afetados são os de pequena escala, agricultores de subsistência. Estas pessoas, que na sua maioria não são coletadas, perderam tudo o que tinham, e a compensação a que tiveram direito (um fundo até cinco mil euros) não cobriu a totalidade das suas perdas. Segundo o município de Tondela, em cerca de 1300 casos houve perda de subsistência, dos quais 800 perderam anexos agrícolas. Em Santa Comba Dão o cenário é semelhante, com cerca de 1200 pessoas afetadas.

Este projeto propõe a construção de anexos agrícolas para estes agricultores tradicionais de pequena escala, utilizando a madeira ardida como principal elemento construtivo. Cada anexo terá 30m² (dimensão máxima isenta de licenciamento) e será construído no material tradicional da região, a madeira, impregnado em velaturas intumescentes. Ao receber um anexo, o agricultor compromete-se a cultivar, ou a criar animais, doando uma percentagem do seu trabalho durante um período. Estes produtos alimentares poderão ser vendidos para financiar os anexos agrícolas.

Slower
Blogue colaborativo que aborda temas como slow living, simplicidade, minimalismo e sustentabilidade. O Slower faz parte do Movimento Não Vamos Esquecer (NVE), surgido após 15 de Outubro de 2017 com o fim de apoiar a população afetada pelos incêndios e que (entre outras ações) tem angariado fundos com o objetivo de oferecer ovelhas a quem as perdeu.

Pretendemos, através de uma parceria com o NVE e a Junta de Freguesia de Covas e Vila Nova de Oliveirinha, criar uma marca/linha ética e nacional de produtos têxteis para casa e adulto, com recurso a lãs portuguesas e mão-de-obra artesanal local.

Estes produtos serão disponibilizados através de uma plataforma online por encomenda. Uma percentagem de cada venda reverte para a comunidade através do NVE sempre em coordenação com a Junta de Freguesia. Cada peça leva consigo a descrição do seu processo de produção e breve história do artesão que a executou, reforçando o caracter único do produto.